FUNDAMENTOS
A Maçonaria é Associação política, religiosa, esotérica, filosófica...
Embora exiba componentes variados que guardam, no âmbito da Ordem, nuanças características de todas essas vertentes, a essência da Maçonaria não se identifica com nenhuma delas, em particular. O fim do século XX, em plena Era da Informação e do Conhecimento, viu crescer a pesquisa sobre a maçonaria. Interesses comuns de instituições maçônicas e de pesquisadores acadêmicos mesclaram-se. Essa forma de agremiação produz e é produto, a um só tempo, de interesses e aspirações, de convergentes e divergentes.
Fato social
(sociabilidade):
No fundo, no fundo, a maçonaria encarna
um soberbo exemplo de dicotomia, ou melhor, da contradição existente entre o
fato social e sua própria representação; é que:
a) os textos e arquivos históricos existentes falham ao explicar as origens desse grupo de pertença - em três níveis de pertença justapostos: o maçom propriamente, a Loja e a Obediência -, no início do século XVIII, tanto na Inglaterra ou Escócia quanto, em seguida, na França;
b) a plasticidade, em suas multivariadas formas e estilos, das Lojas torna temerária toda e qualquer generalização, que vai abranger vasto domínio entre a sociabilidade tradicional e a sociabilidade democrática; entre a eflexão esotérica e a militância política (embora nunca partidária);
c) a cultura que serve de base para o segredo maçônico, tanto da parte dos maçons quanto das associações maçônicas, ao mesmo tempo, demanda acusações e defesas tudo em prol dos próprios interesses maçônicos;
d) a influência da maçonaria suposta e, às vezes, celebrada por maçons é raramente estudada e trabalhada em larga escala, de modo sociológico ou social (como nesta breve abordagem);
e) e, sobremaneira, a Iniciação e o (s) Rito(s) praticado, cerne da Ordem Maçônica, requerem cultura densa, insofismável e específica, plasmada dentro do vasto campo da crença, para o pleno entendimento dos significados e extensão dos conceitos.
A contradição, situada entre a realidade maçônica e sua imagem, resta desvantajosa, presentemente, diante da expressa vontade institucional de aumentar o recrutamento e, simultaneamente, erradicar as possibilidades de achaques e ataques gratuitos, aqui e ali, de que é vítima a Ordem.
O fato social maçônico
- a despeito dos quase três séculos de existência da chamada
maçonaria especulativa ou moderna - é pobre e parcialmente
descrito, ainda hoje, quer nas obras sagradas ou polêmicas, quer pelos maçons
(individualmente) ou pela mídia ou, ainda, pelas instituições maçônicas ou por
quem as hostilizam, enfim, pela expressiva maioria dos atores envolvidos nesse
fato social.
O espaço social maçônico, nesta Era do
Conhecimento em que se vive, caracteriza-se por obediências que tecem
sociabilidade em bases e identidades específicas.
Diferentemente dos séculos anteriores, a Ordem Maçônica tem administrado seu
espaço social, mediante o protagonismo de seus atores, suas regras interna
corporis, seus preceitos e seus conflitos domésticos, de forma bem autônoma, a
despeito dos embates do passado com a política de governos despóticos e a
religião detentora do monopólio do sagrado.
Modernidade
No mundo contemporâneo, e a Ordem
Maçônica não é refratária a isso, as sociedades sofrem o fenômeno da
desinstitucionalização. Este fato social atinge todas as
instituições (religiões inclusive) cuja razão de ser é a de guardar e
disseminar uma Tradição.
Aí, então, o progresso atual conspira a favor da autonomia da pessoa e a consequente individualização do credo maçônico, ou seja é a crença sem pertença.
Salvo listas e listeiros regidos por
moderadores eficientes e dotados da necessária seriedade e fidedignidade aos
preceitos, premissas, princípios, procedimentos e proposições da Ordem, uma das
conseqüências do fato social fenomênico (acima) é o crescimento de Ordens
espúrias (não reconhecidas), sem qualquer tratado válido para inserção e amizade,
bem como a infestação de crises, revelações, conflitos, confrontos, pela
Internet, quase nunca merecedores de fé e ou
credibilidade em muitas listas e listeiros.
A Maçonaria,enquanto
instituição iniciática, repleta de
ensinamentos místicos simbólicos, é um
sistema de moral e ética que
não deriva da antropologia religiosa.
Pensar em um Estado onde se possa estar
organizado, vivendo livres, aprendendo e ensinando, sendo a expressão da
Vontade manifestada às claras e sem compromisso escuso, com certeza é, ainda,
simples aspiração e utopia. Mas é exatamente nas utopias e nos sonhos onde se
encontram os responsáveis pelo movimento do mundo.
Utopia
A utopia não é pura e simplesmente
uma obra de fantasia;
O mundo ideal que revela, está fortemente
relacionado com a história do homem em
sociedade. A sociedade, sob os auspícios e augúrios das
crises, em que o mal tende a prevalecer sobre o
Bem, a injustiça sobre a justiça, o
falso sobre o verdadeiro, o ódio sobre o amor, é a
tese.
A utopia é a
perspectiva contrária, é a antítese imersa em um mundo dialético.
Nunca, como agora,a
Maçonaria aproximou-se tanto da utopia
restauradora como nesse 3º milênio, dado que
só o pensamento místico será capaz de
lidar, a um só tempo, com medo,
violência, criminalidade, ricos e
miseráveis, limpeza étnica etc...
A Maçonaria e seus adeptos prova e
comprova que é possível viver ao lado do Ara Altar dos Juramentos, balizados
pela ideia do sagrado e orientados pela lenda ou mitologia, agir
de modo consentâneo com a realidade circunstante de cada nação em que está
sediada (de modo extraterritorial), lograr ser visível, permanente e bem
sucedida, sempre municiados por uma doce utopia.
A utopia ou ilusão da virtude, dos
valores axiológicos, da Verdade, do espaço social maçônico, se, de um lado,
pode plasmar, no obreiro, uma metamorfose ambulante, bem de acordo com a Era da
Informação e do Conhecimento, atual, por outro lado dá o mote, o foco e a
convergência para as lides maçônicas, além de construir o homo maçonicus, o ser
do futuro.
Espaço social
O viés do espaço social maçônico, ainda
polarizado pelas idéias de forma (institucional) e conteúdo (parte
substantiva) desdobram-se em complexidades que minimizam a contradição
derivada da atuação. Vigoram, como pano de fundo, questões abertas
e indagações primordiais derivadas do lado substantivo (ou substancialista) e
derivadas do lado institucional.
Espaço Social Maçônico substancialista:
Maçonaria é grupo de pertença,
com Forma e Conteúdo: a Forma é mais ou menos
institucionalizada, a despeito da potência em tela;o Conteúdo é formado,
principalmente, do Credo, do Rito e do Segredo. Forma e Conteúdo mudaram e
ainda mudam, no tempo e no espaço (há Rito Mexicano, Rito Brasileiro, Rito
Sueco ..., ao lado dos Ritos mais tradicionais). Inúmeros textos (obras)
publicados tendem a acentuar substantivamente o efeito da continuidade (da
tradição) e a minorar as diferenças, as transformações e as rupturas.
Espaço Social Maçônico
institucional:
A história da maçonaria é centrada nas
instituições e acaba por desprezar o investimento individual de cada obreiro;
- que razões atraem o profano para
viver ao lado do Ara?
- por que ser maçom? Por
que ser assíduo nas reuniões maçônicas? Por que afastar-se e
ficar irregular,
- como o rito e sua cosmovisão são
ensinados?
- deve-se revelar ou não a inserção no
espaço social maçônico?
É a defasagem existente entre a
sociedade ideal e a real, entre o diireito e o fato (com seus fados e fardos da
vida), entre o ordenamento jurídico da democracia profana e as crises do mundo
contemporâneo - nos planos ecológico,
moral, social, decadência espiritual etc... - que motivam o maçom e a
maçonaria a trabalhar, coletiva ou individualmente, em prol da melhoria da
família, da sociedade, da pátria e da humanidade.
O discurso maçônico, então, está sempre
medindo, avaliando, a distância que separa a sociedade ideal - construída
interna corporis nas lides maçônicas da Oficina
- do mundo real, externa corporis, onde mora o obreiro e porfia sua
própria existência Engajamento, harmonia consigo mesmo, certas
inquietações e questionamentos metafísicos, caráter excepcional da
sociabilidade maçônica, calor humano, fraternidade, entendimento, por exemplo,
são coisas que só os maçons possuem!
Pelo mundo
Maçonaria nas Américas:
EUA
Há duas possibilidades na maçonaria
americana, para além de ser o país com o maior número de maçons, quais sejam:
-a existência paralela de dois sistemas
independentes, um para negros e outro para brancos,baseados nos mesmos
modelos;
-as Grandes Lojas desenvolvem seus
trabalhos autonomamente, nos estados, sendo 50 (menos o Hawaii) de
brancos, e 41 de negros (no círculo dos quais é bem maior a militância no
espaço público). O número de maçons, neste país, é estimado em algo próximo de
três milhões de obreiros, com menos do que 15% de negros.
CANADÁ
O Canadá, país pertencente ao Reino
Unido, sofre influências das pertenças maçônicas de, pelo menos, três nações, a
saber:
-EUA pela proximidade e
quantidade de obreiros ativos neste;
-Grã-Bretanha pela ascendência cultural
em relação aos anglófonos; e
-França idem quanto aos francófonos,
que ocupam regiões importantes do Canadá.
MÉXICO (e Latinos)
Em que pese a influência e a
proximidade americana, o México está bem integrado na Confederação Maçônica
Interamericana, cuja próxima Grande Assembléia, em 2012, será sediado no
Brasil/GOB.
A Carta de Bogotá, resultante da XXI
Grande Assembléia, em 1-5.ABR.2009, reiterou preceitos, premissas e princípios
milenares, passou em revista o cenário de desenvolvimento e progresso das
nações, inspecionou o atual estágio da ciência e da tecnologia e reafirmou
intenções de transformar em ações o pensamento maçônico. Os signatários, em
número das maçonarias de dezoito países, contaram, também, com a chancela
de três países europeus, como observadores.
Maçonaria na África:
A influência da colonização fez com que
a maçonaria africana fosse de importação britânica ou francesa. A
independência das nações africanas, aqui ou ali, fez com que as Lojas
estrangeiras formassem obediências nacionais.
As relações maçônicas nacionais e continentais tendem, presentemente, a copiar e aprofundar as facções de liberais (não reconhecidas) e regulares, dos moldes europeus. Já no século XXI as pertenças maçônicas são, em maior número, francófonas.
Maçonaria na Europa Oriental:
Europa Ocidental (onde a
maçonaria, única Ordem Iniciática ocidental, nasceu) e EUA colaboraram e,
ainda, colaboram, desde a queda do Muro de Berlim (1989), quanto à retomada das
atividades maçônicas nos antigos países comunistas, fornecendo ritos,
materiais, recursos pecuniários e livros.